Confesso que esses últimos jogos do Grêmio me deixaram com uma sensação estranha, ruim. Uma sensação que se a bola passar pela zaga e for para o gol, a probabilidade de entrar é grande.
Um sensação, um sentimento, baseado em si só não serve de nada, sem argumentos não tem como abrir uma discussão. Minhas perguntas eram:
– Quantas bolas o Grêmio precisa chutar no gol adversário para fazer um gol?
– Quantas bolas os adversários precisam chutar no gol do Grêmio para fazer um gol?
E que me deixava mais intrigado é que o Grêmio tem o ataque mais positivo do Brasil. E, talvez, a melhor dupla de zaga do Brasil.
Então foi atrás dos números para tentar entender melhor. Aproveite e aprofundei um pouco mais a pesquisa para dar um melhor embasamento. Sei que números por números podem não significar nada, mas podem servir de referencia para análise de desempenho das duas equipes melhores posicionadas no Brasileirão 2017.
Nas 16 rodadas iniciais, o Grêmio finalizou 96 vezes no gol adversário. Estou e só vou contar nessa análise bolas que foram em direção ao gol. Finalizações corretas. Então dessas 96 bolas, fizemos 31 gols. Precisamos chutar 3 bolas ao gol para fazermos um, em média.
Entre nossos atacantes temos as seguintes estatísticas.
Barrios, 9 chutes ao gol, 4 tentos. 44% de aproveitamento.
Éverton, 13 chutes, 5 gols. 38,46 % de aproveitamento.
Fernandinho, 12 chutes, 4 gols. 33,33 % de aproveitamento.
Luan, 19 chutes, 5 gols. 26,3 % de aproveitamento.
Pedro Rocha, 10 chutes, 2 gols. 20 % de aproveitamento.
Já do outro lado, os adversários chutaram 61 vezes em direção ao nosso gol. 17 bolas entraram. Isso significa que tomamos um gol, em média, a cada 3,58 finalizações adversárias.
Os números, por si só, não parecem ruins. E não são. Até por isso somos o segundo colocado do campeonato. O problema está do outro lado.
Corinthians finalizou 78 vezes ao gol adversário e fez 26 gols, dando uma média muito parecida com a do Grêmio, precisando de 2,93 chutes para cada gol.
Agora que vem o diferencial. E olhem que interessante, o número de vezes que os adversários finalizaram contra o goleiro do Corinthians é exatamente a mesma que contra o gol do Grêmio. 61 vezes. A diferença é que só 7 bolas entraram. Uma diferença de 10 gols. Mais de 100 %. Dando uma média 8,71 chutes para cada gol contra o Corinthians.
Então o sentimento que eu tinha não era algo vago. Tomamos mais que o dobro de gols, quando a bola vai ao gol. Ou se preferirem, nosso goleiro defende a metade das bolas do que o goleiro do Corinthians.
Aí alguém pode vir argumentar que a zaga do Corinthians é muito boa e que estamos falando de um grande time e goleiro. E que talvez essas defesas não sejam tão difíceis.
Então vou dar mais um exemplo de como um goleiro é extremamente importante.
Douglas Friedrich, goleiro do Avaí. Virou titular na décima rodada. Em sete jogos os adversários chutaram 54 vezes no seu gol. Vejam. Quase o mesmo número do Grêmio e Corinthians no campeonato inteiro. Dessas 54 bolas, só 5 entraram. Ou seja, os adversários precisam chutar, em média, 10,8 bolas, para que uma entre.
Talvez por isso, o Avaí fez 12 pontos (dos seus 17) nas últimas sete rodadas, tendo enfrentado o líder e o vice-líder.
Fecho por aqui, tentando mostrar o quanto é importante ter um goleiro que consiga defender mais bolas. Nossos goleiros estão, pelo menos, na metade da média dos grandes goleiros. De nada adianta ter uma zaga confiável, se quando a bola passar, a chance de entrar, será grande. E isso, em campeonatos de mata-mata, é fundamental.
TEXTO ENVIADO PELO COLABORADOR GUSTAVO MEDEIROS